junho 2024

Orgulho inegociável

Qual o preço de se negociar o direito de ser quem somos? O mundo do trabalho reflete as transformações que acontecem à sua volta e as barreiras visíveis (e invisíveis) que perpetuam e colocam novos obstáculos para pessoas consideradas "diferentes". Onde as diferenças se tornam fatores limitantes, a inovação não chega. Onde sentir orgulho não é bem uma realidade, a transformação não acontece.

4 em cada 10 pessoas LGBTQIAPN+ já relataram algum tipo de discriminação durante o expediente. 61% dos profissionais da comunidade não se sentem confortáveis em ser quem são no trabalho com medo de perder o emprego... Não precisa de muito. Basta um gesto, uma roupa, qualquer sinal pode ser o suficiente para microagressões acontecerem com um comentário ou "conselho" de lideranças pouco -ou quase nada - inclusivas. É aqui que se abre espaço para as negociações das aparências e o preço se torna muito mais alto. Quem paga é a saúde mental e, certamente, o bolso da empresa.

Espaço mais inclusivos precisam de boas práticas, continuidade, intencionalidade e interseccionalidade. Não só por movimentos mais empáticos, mas porque isso gera valor. Ao sentir orgulho do lugar que está aberto para perspectivas mais diversas, um profissional tem seis vezes mais chances de recomendar seu ambiente de trabalho para outras pessoas, por exemplo (GPTW). Turnover, retenção, engajamento, colaboração, produtividade, bem-estar, inovação, tudo isso cabe no guarda-chuva de oportunidades e caminhos que se desencadeiam com um primeiro passo estratégico: diversidade.

O verdadeiro poder do orgulho está na habilidade de criar conexões. Com novas perspectivas, habilidades, rompendo a linearidade e a manutenção de estereótipos que reduzem e excluem pessoas. Incluir é se permitir ouvir para tomar melhores decisões de negócios e mais rápido (Forbes), é estar conectado aos interesses das futuras gerações dominantes do trabalho, é ser mais sustentável e alinhado ao propósito de gerar mais impacto.

Não sou eu quem digo. São os dados. E na mesa por onde eles estão rolando para tomada de decisões, não dá para esperar que quem os lancem sejam os mesmos perfis de sempre. Quem tem lugar aqui e quem nunca chegou a ter uma probabilidade nesse jogo? As respostas óbvias também precisam ser ditas. É o começo para a mudança e ela deve se iniciar com orgulho.

Por Lucas Ericlyn

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