Aprendizados SXSW: Empresas com funcionários felizes arrecadam mais lucro
“Companhias que não prestarem atenção à saúde mental dos seus funcionários sairão perdendo”. Essa foi uma das frases usadas pela Dra. Laurie Santos, Professora em Psicologia e Pesquisadora em Felicidade pela Yale University, durante seu painel “Tendências emergentes da ciência da felicidade” no South by Southwest 2024.
Atire a primeira pedra quem nunca reclamou do trabalho ou escutou algum colega, amigo, familiar se queixando do chefe. Mas quando essa reclamação passa a ser motivo de distúrbios emocionais é hora de prestarmos atenção!
Em fevereiro de 2023, uma pesquisa global realizada pelo Future Form revelou um novo recorde da Síndrome do Esgotamento Profissional, o que conhecemos como burnout. Dos 10.243 trabalhadores de escritório em tempo integral pesquisados globalmente, 42% sentem exaustão extrema causada por esgotamento do trabalho.
Em exclusiva para o The Daily Swile, a Dra. Laurie Santos diz “o que realmente precisamos fazer é mudar a estrutura do trabalho ou a nossa relação com ele!”. Mas como fazemos isso? A especialista enfatiza um conjunto de fatores que devem ser colocados em prática agora para colhermos resultados a longo prazo, porém existem 5 pontos-chave para um ambiente de trabalho mais feliz:
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1. RECONHEÇA SUAS EMOÇÕES NEGATIVAS
“Quando não suprimimos nossas emoções, mas acolhemos o que sentimos, conseguimos sair do ponto de tristeza”, diz Laurie. Seja lendo um e-mail ou recebendo uma notícia que não nos agrada no trabalho, o que devemos fazer é tirar alguns minutos para entender o motivo do que sentimos.
Tara Brach, psicóloga clínica e professora no Insight Meditation Community de Washington, elaborou o método “RAIN”. Em que R (recognize) é reconhecer o que incomoda, nos deixa negativos; A (allow) precisamos de um tempo para processar frustrações e pensamentos; I (investigate) entender o motivo do descontentamento; e N (nurture) nutra à mente com pensamentos felizes, seja com um vídeo do seu cachorro ou conversando com alguém que você ama.
2. REPENSE PRODUTIVIDADE
Sabe aquele sentimento de desespero por não ter tempo suficiente para fazer tudo? Laurie afirma que estamos usando nosso tempo errado: “tendemos a achar que ao trabalhar mais horas e encher nossa agenda de reuniões fará de nós e nossas carreiras mais produtivas. Porém, a qualidade do trabalho é mais eficaz quando estamos descansados e preenchemos nossas agendas com o que realmente importa”.
A Ph.D. em felicidade explica que uma simples estratégia é dizer “não” para agendas e compromissos que não fazem sentido, como uma reunião em que nossos líderes nos colocam, porém não tem nada a ver com o nosso objetivo de trabalho.
3. MOTIVE SUA PERFORMANCE COM AUTOCOMPAIXÃO
Nesse tópico, precisamos exercer “mindfulness”, ou seja, livrar nossa mente do que não é possível resolver no momento e focar no agora; “common humanity”, entender que somos humanos e, sim, falhamos; “self-kindness” sermos gentis conosco, assim como somos com amigos e pessoas que queremos bem.
Uma dica simples que a Dra. Laurie passa para quando estivermos nos sentindo para baixo é nos auto abraçarmos. Quando nos tocamos, nossa mente entende que estamos tendo um respiro, uma pausa do mundo ao nosso redor, assim todo pensamento de frustração, tristeza e dor é acolhido.
4. ENCONTRE O SEU PROPÓSITO
Quando não estamos alinhados com a cultura ou ambiente de trabalho nos deparamos com o que Christina Maslach, pesquisadora em saúde no mercado de trabalho pela Universidade Berkeley, e o psicólogo Michael P. Leither descrevem em seu livro “The Truth About Burnout”, em português “A verdade sobre Burnout”, como “mismatch”. O nosso propósito não está alinhado com o ambiente em que estamos inseridos.
Para reconhecermos nossos pontos fortes e encontrarmos nosso propósito, precisamos prestar atenção naquilo que somos bons, discordamos e algumas vezes chega até incomodar.
5. PERTENCIMENTO
Em um estudo sobre felicidade no local de trabalho de 2021, encomendado pelo Indeed e conduzido pela Forrester Consulting, revela que a felicidade pode significar coisas diferentes para pessoas diferentes. Embora muitos acreditem que a remuneração é o principal preditor de felicidade, na realidade, os elementos sociais do trabalho revelam-se mais importantes, como nos sentirmos energizados pelas tarefas, pertencimento e senso de propósito.
“Precisamos parar de pensar que o ambiente de trabalho não é lugar de criar conexões e amizades. Ter um melhor amigo no trabalho, compartilhar além de reuniões, parar de fingir que não estamos enlouquecendo com situações, projetos, sermos vulneráveis entre nós cria pertencimento e vontade de estar naquele lugar”, completa Dra. Laurie.
O People Director da Swile Brasil e co-autor do livro "Felicidade no Trabalho", Diogo Oishi, acompanhou a palestra da Dra. Laurie Santos, no SXSW. “Uma das formas mais poderosas de lutar contra o burnout é através do sentimento de belonging, de pertencimento. E isso está muito atrelado à cultura organizacional e ao líder com quem você trabalha. Ter um amigo, trabalhar com pessoas de quem você gosta ajuda muito a viver um ambiente mais saudável e feliz".
Por fim, mas não menos importante, Dra. Laurie comparou a saúde mental com a importância da chegada da internet no mundo e nas corporações durante os anos 90. “Se as empresas virarem as costas para a saúde mental perderão competitividade no mercado e lucro. Trabalhadores mais felizes faltam menos, são mais eficientes e têm mais ideias inovadoras”, finaliza.
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