mundo do trabalho

Sinal verde para a agenda verde: ESG deve ser prioridade das empresas

O que é, o que é: um pontinho verde que está nas manchetes dos jornais, nas conversas de elevadores e, agora, também nas metas das maiores empresas do mundo. Pontinho parece até eufemismo quando estamos falando de uma grande onda mundial. Sim, a agenda ESG é um dos grandes nomes para os negócios em 2024 e os dados mostram que é um caminho sem volta. 


6 min
12 décembre 2023por Lucas Ericlyn

Para 99% dos investidores no Brasil, segundo estudo global da EY, o ESG é o ponto determinante para as tomadas de decisões. Investir ou não na estratégia parece não ser mais a questão mas, sim, o caminho para os resultados concretos. É o que mostra um estudo da IBM em que 93% dos executivos relatam que suas empresas já desenvolveram ações de ESG, porém apenas 7% delas atingiram um progresso significativo. Sim, você não leu errado.

Uma coisa é certa: falar de ESG é decodificar um futuro de negócios sustentáveis. Ao seguir padrões e boas práticas, cria-se uma cultura socialmente consciente, com impacto positivo, mais engajada e bem gerenciada. Mas, por onde começar de fato? A pergunta de milhões. Para ser mais exato, a pergunta de R$ 273 trilhões (investimentos estimados até 2025 pelo ESG Radar 2023).

ESG: Quem são? Onde vivem? Por que se investe tanto? 

Uma das siglas mais famosas do momento (depois da IA, claro) e dos próximos anos provavelmente, resume três pilares para uma boa estratégia organizacional: Ambiental, Social e Governança. Em 2024, o termo completa 20 anos da sua primeira publicação no report “Who Cares Wins” do Pacto Global em parceria com o Banco Mundial. No bom português, o recado é bem claro: "Quem se importa ganha”. Ou seja, tomar decisões com padrões ESG, nortear investimentos e criar uma cultura de consumo mais sustentável são práticas que, não só trazem impactos positivos para a sociedade, como geram lucro

É reflexo de uma nova era de mudanças com consumidores mais atentos, conscientes da sua pegada ecológica, exigentes a práticas responsáveis e sustentáveis, ligados ao propósito. Mas não só isso! Segundo o estudo ESG Radar 2023, 90% dos executivos reconhecem que as iniciativas trazem retorno financeiro positivo, sendo 61% para retorno moderado e 29% para retorno significativo. Para 66%, o prazo para esse retorno é de até três anos.

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Mas é ESG ou sustentabilidade?

Em resumo, cada um no seu quadrado. Essas práticas têm algumas diferenças significativas, apesar de estarem relacionadas. Na prática, a equação é bem simples: ESG está para iniciativas das empresas, enquanto sustentabilidade está para a sociedade no geral. Ou seja, as ações ESG contribuem para um desenvolvimento mais sustentável e consciente, mas não acaba por aí.

Então, por que se confunde tanto? Bem, os pilares de uma agenda sustentável também passam por objetivos de impacto ambiental, social e econômico. E não há como falar de ESG sem também pensar em iniciativas como essas. Mas, tendo em mente onde a estratégia será aplicada, fica mais fácil diferenciar e entender onde começa e termina cada um dos esforços. 

É quase como olhar os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (sustentabilidade) e entender como eles se aplicam dentro da estrutura de um negócio (investimentos ESG). Quais deles podem trazer resultados comerciais ao mesmo tempo que agregam valor à sociedade, gerando reputação frente aos clientes e investidores? Bingo. Esse é um bom começo. 

Como ser um daqueles 7% e ter progresso nas iniciativas ESG

No mundo, apenas 1 em cada 8 trabalhadores tem, pelo menos, uma green skill (LinkedIn, 2023). Essas “habilidades verdes”, ligadas ao desenvolvimento sustentável, têm alto valor competitivo, mas empregadores ainda relatam uma dificuldade para encontrar talentos qualificados no mercado. O senso de urgência tem tudo a ver com a crescente busca das empresas em lidar com as mudanças e as pressões dos consumidores e, claro, investidores. 

E o relatório mostra isso com números: o índice de contratação de pessoas com, ao menos, uma habilidade verde é 29% maior que a média geral. Uma resposta clara às demandas que vêm dos próprios consumidores. Afinal, segundo a pesquisa Future Consumer Index, da EY, 73% dos brasileiros estão profundamente preocupados com a fragilidade do planeta (mais do que a média global de 64%, inclusive) e estão indo atrás de opções sustentáveis

É preciso olhar para as ações como um programa, para além de um projeto com início, meio e fim. Estipular metas, indicadores, analisar o que cabe na estrutura do seu segmento, com foco na realidade da empresa sem esquecer os princípios de cada letra da sigla. Porque o Social não envolve apenas ações de apoio ao voluntariado, por exemplo, mas trata do bem-estar de quem veste a camisa da companhia e também a relação com os fornecedores. No critério de Governança, o compromisso com uma conduta ética e transparente, gerenciamento de riscos, segurança cibernética são alguns pontos para serem olhados mais de perto. 

E o caminho para isso são os dados segundo os executivos. Padrões inconsistentes (47%), dados inadequados (45%), falta de habilidades (39%) e barreiras regulatórias (33%) foram os obstáculos apontados na pesquisa da IBM. E poderia ser diferente? Quando pensamos em tomada de decisão, é preciso, sim, deixar os dados “rolarem”.  

De olho na disparidade de gênero

Aquele segredinho indispensável: não é ESG se é uma ação isolada. Vira e mexe, a gente se dá conta de que, muitas vezes, uma tendência corporativa cai na cilada de “preencher vocabulário”. Com a ESG, entendemos que isso vai além de uma meta para áreas específicas da empresa: é uma estratégia de negócio, pensada para todos os níveis hierárquicos e que não deve parar só no gogó. Da alta liderança a quem serve o cafezinho, todas as pessoas devem estar contempladas nessa jornada. 

Mas, por quê? Um dado importante foi revelado por um estudo da PwC. A transição verde pode agravar a diferença de empregos entre gêneros em 1,7 ponto percentual até 2030 no Brasil se não forem tomadas ações para aumentar a representação das mulheres nos segmentos. Isso porque os maiores investimentos devem acontecer em setores em que a participação dos homens ainda é dominante e se agrava quando pensamos na relação entre gênero e raça no país. 

Hoje, o Brasil é o segundo maior empregador da indústria de biocombustíveis, solar, hidrelétrica e eólica, com 10% de todos os empregos verdes no mundo. Os dados da Agência Internacional de Energia Renovável (Irena) só reforçam que oportunidades existem, é preciso qualificar as pessoas e não perder o foco em Diversidade e Inclusão. 

A questão é: para pegar onda é preciso saber surfar e estar disposto a encarar os desafios. O sinal está verde, com vagas, treinamentos e apoio dos investidores. E o quanto antes as empresas atentarem aos dados, capacitarem as pessoas e estipularem os seus indicadores, a chance de ESG ser parte fundamental da estratégia de negócio é ainda maior. O mundo e o planeta agradecem. 

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Lucas Ericlyn

Editor de Conteúdo

Sou um conteudista apaixonado pelas palavras, cultura e inovação. Aposto nos artigos e nos textos como um esportista nas suas habilidades, um […]

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