mundo do trabalho

O peso do sigilo: a maior dor do RH?

O papel do RH e de quem vive a rotina de gerenciar pessoas na busca pelo equilíbrio na era do cuidado. Uma conversa para tirar os pesos dos ombros com um guia prático.


7 min
27 octobre 2023por Lucas Ericlyn

Trabalhar como defensor dos direitos humanos é como viver um drama emocional! Você precisa guardar segredos, porque temos aquelas obrigações chatinhas de confidencialidade. Mas também precisa ser o "ombro amigo" dos colegas, o que é bem complicado, principalmente para a saúde mental dos gerentes de RH que podem acabar se sentindo sobrecarregados. E tudo isso acontece, apesar de todas as qualidades que eles têm.

E se o peso do silêncio fosse o fardo mais pesado para os gestores de RH? Certamente, a profissão não é mantida em sigilo e profissionalismo como um médico ou um advogado podem ser. No entanto, existe de fato uma obrigação de confidencialidade, que é legal, moral e ética . “Não há sanção criminal possível, mas a obrigação de sigilo muitas vezes aparece em cláusula do contrato de trabalho. Isto diz respeito em particular a todo o processamento de dados ”, explica Caroline Diard.

Mas para este ex-diretor de RH, agora professor na Toulouse Business School, esta não é certamente a parte mais complicada do trabalho. “O mais importante é todo o aspecto humano que gira em torno do sigilo e a necessidade de inspirar confiança tanto entre os colaboradores como entre os gestores”, acrescenta.

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O departamento de Recursos Humanos, o "equilíbrio" da empresa?

O RH é como um intermediário entre dois mundos. Imagine isso: eles são como os conselheiros de relacionamentos da empresa. Por um lado, são os ombros amigos dos colaboradores, ouvindo todos os segredos e preocupações (quando há confiança, é claro). Por outro lado, são como espiões estratégicos, acompanhando os planos da empresa, como demissões em massa, fusões e aquisições.

E não para por aí, eles também têm que lidar com os parceiros sindicais, o que adiciona mais camadas de complexidade. E como cereja no topo do bolo, eles não podem compartilhar tudo com sua própria equipe, já que têm informações ultraconfidenciais.

Ser um gestor de RH é como um grande malabarismo de equilíbrio entre segredos e confiança. É um trabalho com várias camadas de desafios! E a saúde mental, como fica?

Manter o silêncio ou não: eis a questão

Aplicar essa neutralidade não é simples, pode causar alguns problemas inesperados. Caroline Diard lembra de um momento difícil quando teve que executar um plano de demissões: “Tinha a lista das pessoas que iam sair e incluía uma pessoa com quem mantinha relações quase de amizade. Foi muito difícil encontrá-la todos os dias e agir como se nada tivesse acontecido, mesmo sabendo o que a esperava’’.

Decidir o que divulgar ou não, o que é útil ou inútil, o que é arriscado legalmente ou humanamente, é o desafio constante dos gestores de RH. E às vezes, é melhor manter informações em sigilo. Caroline Diard relembra um momento em que sua empresa estava sendo avaliada para possível venda, mas, no final, a venda não aconteceu. Se essa informação tivesse vazado, os funcionários teriam ficado preocupados e mais ansiosos desnecessariamente, comprometendo o bem-estar da empresa.

Confissões no escritório

Gestores de RH, como confidentes de plantão, ouvem de tudo. Desde problemas de saúde, divórcios, dívidas enormes, até complicações com projetos imobiliários e até dificuldades para engravidar. Eles são um pouco como psicólogos, só que com a capacidade de fazer algo mais do que dar conselhos.

Por exemplo, podem ajudar a criar horários de trabalho flexíveis para auxiliar uma pessoa colaboradora a enfrentar uma situação complicada em sua vida pessoal. Mas e quando a situação é grave, com perigo para a vida de um profissional? O exercício de encontrar o verdadeiro equilíbrio é a chave para a saúde mental de quem está à frente da gestão de pessoas.

Vamos pensar em um caso sério, como uma mulher que alega ter sido vítima de violência doméstica. Deve o RH manter essa informação confidencial a todo custo? "Nesses casos, não podemos agir no lugar da pessoa, mas temos a responsabilidade de encorajá-la a buscar ajuda de assistentes sociais, psicólogos ou organizações especializadas", explica Caroline Diard.

A tecnologia como aliada

Por muito tempo, as decisões tomadas na gestão de pessoas dentro de uma organização foram baseadas apenas na intuição e na observação. No entanto, graças à tecnologia, é possível que esses profissionais tenham acesso a dados valiosos que os ajudam a tomar decisões mais assertivas e estratégicas

Segundo um estudo realizada pela Deloitte, a tecnologia está revolucionando o cenário do RH e se tornando uma verdadeira parceira dos profissionais da área. Com uma ampla gama de ferramentas e soluções inovadoras, ela está impulsionando a eficiência e a estratégia do trabalho desempenhado pelo RH. Saem tarefas burocráticas e se ganha mais tempo para focar no que interessa: a experiência e o bem-estar.

As ferramentas de análise de dados e People Analytics são excelentes exemplos de mudança. Olha só:

Desenvolvimento

Com o auxílio da tecnologia, os profissionais de RH podem contar com ferramentas que permitem a criação rápida e precisa de relatórios e gráficos de desempenho dos colaboradores. Isso possibilita uma visualização clara dos resultados alcançados, auxiliando na avaliação do desempenho individual e coletivo. Com essa visão abrangente, os gestores podem identificar áreas de melhoria e tomar ações corretivas de forma mais ágil.

Identificação de tendências e padrões em dados

A análise de dados, impulsionada pela tecnologia, oferece aos profissionais de RH uma visão aprofundada das informações disponíveis. Por meio de algoritmos e técnicas avançadas, é possível identificar tendências, padrões e correlações que, muitas vezes, passariam despercebidos em uma análise manual. 

Essa capacidade de identificar insights valiosos a partir dos dados permite que os gestores de RH tomem decisões mais precisas e eficazes, direcionando suas ações de forma estratégica para o desenvolvimento das pessoas colaboradores e o alcance dos objetivos organizacionais. O que se ganha quando o assunto é bem-estar? Muito! Com informação é que se pode analisar melhor as dores e os desafios, inclusive da área de People, e agir de forma assertiva.

Redução do tempo gasto 

A tecnologia automatiza tarefas rotineiras e burocráticas do setor de RH, liberando tempo precioso para que os profissionais se dediquem a atividades mais estratégicas. Processos como a gestão de folha de pagamento, o controle de horas trabalhadas e a administração de benefícios podem ser simplificados e agilizados por meio de sistemas automatizados.

Isso não apenas reduz o risco de erros, mas também permite que os profissionais de RH se concentrem em ações que agregam valor, como o desenvolvimento de programas de capacitação, a gestão do clima organizacional e a retenção de talentos.

A era do cuidado: um alívio para os gestores de RH

Os gestores de RH são humanos, não máquinas. Às vezes, eles simplesmente não conseguem dar conta de tudo. Felizmente, a profissão está evoluindo e se tornando mais amigável para eles e para os colaboradores. Agora, temos coisas como horários flexíveis, trabalho remoto, licenças ilimitadas, salários transparentes e até mesmo licença paternidade. E nunca falamos tanto sobre saúde mental.

Hoje, os gestores de RH têm um papel importante em apoiar a vida pessoal dos colaboradores, indo além do sigilo e tornando a jornada de trabalho um pouco mais suave. “Por trás da questão do sigilo, hoje há um papel real a desempenhar para os gestores de RH no apoio à vida pessoal de colaboradores”, diz Caroline Diard.

Para finalizar, o gestor de RH não é apenas um profissional de recursos humanos, mas um guardião do bem-estar, da satisfação e da humanidade no local de trabalho. E à medida que essa evolução continua, todos os envolvidos - gestores, colaboradores e a empresa como um todo - colhem os benefícios de uma abordagem mais holística e compassiva para a gestão de recursos humanos. É uma era de cuidado que, com certeza, está aqui para ficar.

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Lucas Ericlyn

Editor de Conteúdo

Sou um conteudista apaixonado pelas palavras, cultura e inovação. Aposto nos artigos e nos textos como um esportista nas suas habilidades, um […]

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