Requalificação e sinais do futuro do trabalho: a hora de mudar de planos
O cenário está claro: competências primeiro, adaptação digital, automação de processos, implementação de IA para rotinas mais produtivas, desaparecimento e surgimento de perspectivas de empregos, transição ecológica e energética, habilidades. A lista é gigante, de fato, porque o futuro não é mais um caminho só. É complexo, ágil, incerto e, mais do que nunca, “MUVUCA”. E não, não é só um trocadilho.
O termo deriva do Mundo VUCA que muitos já devem ter ouvido em conversas e outras pelo corredor, ou na rolagem rápida do feed do LinkedIn, com adicional do “MU”. São mais duas letras que ajudam a compreender a conexão da sigla. Em resumo, MUVUCA se traduz em um mundo com mais propósito (Meaningful), universal (Universal), volátil (Volatility), incerto (Uncertainty), complexo (Complexity) e ambíguo (Ambiguity). Ok, mas para que entender essa sigla e o que ela nos diz sobre o que acontece à nossa volta? Mais precisamente, por que estamos lendo tudo isso se queremos saber sobre Requalificação?
Há crises que vão além da virada dos 20 anos, da meia-idade ou do Retorno de Saturno, por exemplo. E a gente chama de crise porque tempos transformadores são desafios que nos colocam frente a frente com tensões, dúvidas, mas também oportunidades e reinvenções. Quando o relatório sobre o Futuro dos Empregos de 2023 nos conta que 83 milhões deixarão de existir no mundo – ou quase um quarto dos empregos (23%), e que 69 milhões de novos serão criados, é impossível não nos perguntar: “e agora, há lugares para as minhas habilidades?”.
É prioridade, mas ainda não tem investimento: a conta que não fecha
Ainda segundo a pesquisa, 60% das empresas no mundo afirmam que os gaps de habilidades no mercado de trabalho em seus segmentos são as principais barreiras para a transformação de seus negócios. E quando se olha para as empresas da lista Fortune 50, as que mais contribuem para o desenvolvimento global, 34% delas que fizeram da qualificação e da requalificação uma prioridade estratégica tiveram apenas 1,5% de seus orçamentos anuais destinados para isso (Boston Consulting Group).
A redação recomenda
Sim, requalificar sai do espaço de “oportunidade” e ativa aquele sinal de emergência para os próximos anos. E não há como negar que as incertezas econômicas colocam lentes ainda maiores sobre os negócios e os investimentos. Nessa corrida por talentos qualificados e apostas em carreiras do futuro, não é fácil encontrar respostas certeiras. Porém, capacitar novas habilidades de forma estratégica nunca é uma perda de tempo.
Paralelo a tudo isso, os desafios geracionais e de perfis profissionais adicionam algumas camadas mais profundas que reforçam como é importante o pensamento analítico e a solução de problemas enquanto habilidades. Lidar com gestão de pessoas é também saber relacionar as oportunidades de qualificação e requalificação ao tipo de desenvolvimento que cada indivíduo se identifica. E isso demanda investimento. Muito.
O risco de qualificações mal sucedidas por falta de continuidade, engajamento ou aprendizado é muito alto, pois, além de custar em dinheiro, a gente está falando de tempo. E conhecimento precisa de algumas boas horas de dedicação para ser efetivo.
Dois lados, dois focos
Trabalha-se daqui, enquanto se trabalha de lá. Pessoas devem fomentar cultura de requalificação como esforço contínuo de aprendizagem, e empresas devem criar oportunidades de desenvolvimento, apoiando a educação, com cursos de novas habilidades, como parte da experiência e da jornada do colaborador.
Programa de Desenvolvimento Interno, construção de modelos de carreira, perspectivas, processos de mentorias, as ideias são infinitas. Mas para funcionar, é preciso colocar os colaboradores no mood certo, envolvê-los de forma a perceber valor na oportunidade de crescimento. É a importância de se comunicar bem.
Olha só, uma equipe de cientistas comportamentais da consultoria MoreThanNow e da Vodafone fez uma descoberta sobre como a linguagem, o modo que a empresa fala sobre o programa de requalificação pode influenciar no plano. A maior parte dos líderes comunicou o reskilling para a sua equipe como uma ótima oportunidade de carreira para a pessoa ou que aquelas habilidades seriam essenciais para a estratégia da empresa. Porém, foi com uma mensagem mais direta ao ponto, trazendo o olhar sobre como manter as competências relevantes num futuro digital que eles levaram mais pessoas a se movimentar.
Percebe? Não é só mais sexy saber direcionar bem os objetivos da requalificação para ampliar a perspectiva dos colaboradores no aprofundamento de novas habilidades. É engajar, trazendo relevância e mais segurança para o futuro do trabalho.
25% dos empregos irão mudar nos próximos cinco anos
Assim como cargos em mídias sociais, e-commerce, dados, IA, e muitos outros emergiram nas últimas décadas, e que pareciam impensáveis, outros irão remodelar o trabalho como conhecemos hoje. Novas dinâmicas permitem a inovação e isso só acontece quando investimos em pessoas.
É fundamental para as empresas e para o crescimento econômico? Sim. É imprescindível para o desenvolvimento das pessoas e da qualidade de vida? Sem dúvidas. Porque a segurança, o conhecimento e a empregabilidade são ferramentas também de impacto na sociedade. Então, se a rota não parece ser mais a mesma, que a recalculemos.
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