Previsões SXSW sobre o futuro do trabalho
“Pessoas em um ambiente construído para elas se sentirão acolhidas e poderão usar todas as suas habilidades independentemente de suas limitações”, diz Kay Sargent, diretora de espaço de trabalho da HOK, empresa de design que pensa como o ambiente pode melhorar as relações ao nosso redor para o The Daily Swile.
Quem nunca imaginou como seria o futuro, nossas relações, se os robôs dominariam tudo? Eu, com certeza, já imaginei! Mas, graças aos experts em futurismo e aqueles que estão colocando a mão na massa para grandes mudanças, podemos ter uma visão mais realista do que acontecerá daqui a 5 anos, previsão de Garrett Lord, CEO and Co-founder da Handshake, que palestrou no South by Southwest sobre como a Inteligência Artificial está mudando a forma de trabalho.
Uma dessas mentes pensantes do amanhã é o brasileiro Renato Grau, especialista em transformação digital, futurismo e embaixador do Movimento Brasil Digital para Todos. Em exclusiva para o The Daily Swile, ressaltou que as empresas terão de ter um olhar 360°.
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Espaço de trabalho
De acordo com o programa liderado pela Universidade Stanford, Neurodiversidade no Trabalho, entre 15% e 20% da população mundial é considerada neurodivergente. O restante é classificado como neurotípico, que não possuem problemas de desenvolvimento neurológico.
Para entender melhor os termos: neurodiversidade significa a variedade de composições neurológicas humanas, os seres humanos são neurodiversos, pois não há duas mentes. Enquanto os neurodivergentes podem ter autismo, epilepsia, síndrome de Down, TOC, bipolaridade ou até mesmo mais de uma neurodivergência.
“Não podemos criar espaços genéricos, temos que criar um ambiente que acolha a todos. O próprio funcionário deve ter a liberdade para escolher se prefere trabalhar em um lugar com música ou prefere cubículos isolados. 100% dos humanos são neurodiversos, ou seja, pensam e recebem informações do mundo externo de forma diferente e quando encontram em uma empresa espaços que se sintam bem, consequentemente produzirão melhor”, reflete Kay.
Além da estrutura física, pensada de maneira neurodiversa, as corporações terão de entender que não existe 8 ou 80 quando o assunto é trabalho remoto ou presencial: “a forma das pessoas pensarem mudou depois da pandemia, as empresas terão que se adaptar. Não será apenas trabalho híbrido, na sede ou em casa, o que vale é se os funcionários produzem”, completa Renato.
Em pesquisa liderada pela Upgraded Points, plataforma que estuda insights por meio de dados, 63% das mulheres e 55% dos homens disseram ser mais produtivos trabalhando em casa. Quando a perspectiva é jornada de trabalho, a Indeed analisou empresas que estão passando por testes mundo afora liderados pela 4 Day Week Global, consultora de empresas que querem aderir a organização de trabalho mais curta, e 85% dos funcionários relatam melhora em saúde mental.
Produtividade
Segundo dados do IBGE, no último trimestre de 2022 já existiam mais de 25,7 milhões de trabalhadores independentes no Brasil. Um aumento de 4,7% em relação ao ano anterior, demonstrando uma adaptabilidade cada vez maior pelo trabalho independente.
“Tanto quem trabalha em tempo integral quanto quem trabalha meio período, o foco é a entrega. As pessoas não terão apenas um emprego, terão vários. Um engenheiro civil que gosta de música poderá dividir seu tempo e ganhar remuneração com os dois talentos. Esse modelo se conecta com as gerações que estão vindo pro mercado de trabalho, como a Z, que não querem abrir mão de projetos pessoais e estabilidade. Essa é a forma de trabalho vencedora, tanto para equipes quanto para empresas”, explica o especialista em transformação digital.
Habilidades
Em estudo pós-pandêmico, realizado pela Universidade de Yale, líderes com soft skills, como inteligência emocional, empatia e autoconsciência, eram mais felizes e inovadores, influenciando positivamente no dia a dia de sua equipe. Entretanto, 70% daqueles que eram liderados por chefes com baixa inteligência emocional apresentaram sentimentos negativos em relação ao trabalho.
“As hard skills, habilidades técnicas, não serão colocadas de lado. A nova geração de força de trabalho chegará entendendo como a inteligência artificial consegue ser rentável e aplicável. Entretanto, depois da pandemia, líderes notaram falta de habilidades interpessoais, comunicação, escuta, negociação, persuasão... as chamadas soft skills, que são, na verdade, powerful skills (habilidades poderosas, fortes). As empresas terão que ir às universidades, montar programas de treinamento e rodas de conversa para mostrar que sem relacionamento interpessoal, o aprendizado de grandes softwares não será usado em seu maior potencial”, pondera Jim Link, da Society for Human Resource Management, no SXSW.
A mesma pesquisa de Yale, citada acima, reforça a ideia de Jim, quando relata a dificuldade dos RHs em contratar funcionários com as três principais soft skills do futuro: resolução de problemas (37%), capacidade de lidar com complexidade e ambiguidade (32%) e comunicação (31%).
Em resumo, Renato visualiza: "futurismo é uma ciência baseada em sinais, precisamos entender indicadores do que está acontecendo no mundo e montarmos possíveis cenários para a realidade da empresa, do mais positivo ao mais negativo, e buscarmos o caminho que queremos construir", ou seja, esclarecer objetivos é a base para negócios, líderes e funcionários que querem prosperar como protagonistas e inovadores do amanhã.
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