Autismo, dislexia, TDAH: o potencial inexplorado dos neuroatípicos no trabalho
Quando falamos sobre inclusão no trabalho, geralmente pensamos em questões de gênero, etnia e idade. Mas e os perfis neuroatípicos, que hoje representam 13% da população mundial? E mais: Por que é fundamental incluir esses perfis no ambiente de trabalho?
Neurodiversidade: o que é um ‘’cérebro diferente’’?
Embora o termo "neurodiversidade" seja recente, a realidade por trás dele não é nova. Em outras palavras, uma pessoa é considerada neurodivergente (ou neuroatípica) quando seu cérebro funciona e processa informações de forma diferente da maioria das pessoas.
As pessoas neuroatípicas se identificam em um "espectro": isso significa que cada uma terá experiências, desenvolvimentos e interpretações dos transtornos de forma única. Por trás dos termos médicos, existem diversos estados e características diferentes.
- Transtorno de déficit de atenção com ou sem hiperatividade: dificuldade de concentração, agitação permanente e forte impaciência são os principais sintomas.
- Dislexia, Discalculia, Disortografia, etc: são os chamados distúrbios "específicos", no sentido de que afetam uma ou mais das funções cognitivas: relacionadas à linguagem, memória, coordenação motora
- Autismo (especialmente Asperger e Transtornos do Espectro Autista): transtornos que afetam a maneira como uma pessoa interage e se comunica com outras pessoas.
- Alto Potencial Intelectual ou Douance (também conhecidas como "talentosas"): têm um quociente de inteligência maior ou igual a 130. Atualmente, elas compõem cerca de 2% da população mundial.
- Síndrome de Tourette ou tiques: movimentos musculares repetidos, inesperados, rápidos e não rítmicos, compostos de sons e vocalizações.
Neuroatípicos são encontrados desde o Vale do Silício até Hollywood. Steve Jobs, os fundadores da IKEA, Steven Spielberg, Emma Watson e Whoopi Goldberg são alguns exemplos. Essas personalidades de sucesso mostram que não é necessário ser neurotípico para alcançar grandes realizações!
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Colaboradores neuroatípicos, um diferencial para as empresas
Infelizmente, não é segredo que a inserção profissional de pessoas neuroatípicas é mais difícil do que a média. Especialmente entre pessoas com autismo, cuja taxa de desemprego no Brasil é de 85%. Ainda são poucas as empresas que se atrevem a arriscar, principalmente em tempos de dificuldades econômicas.
No entanto, a neurodiversidade vai muito além dos clichês: em 2022, o LinkedIn reconheceu o “pensamento disléxico” como uma habilidade profissional. Um avanço que vai ao encontro da opinião de Steve Silberman, autor do livro “Neurotribos: O legado do autismo e o futuro da neurodiversidade”.
“Os neurodivergentes têm uma forma de pensar que permanece inacessível aos neurotípicos, identificam problemas que seus colegas neurotípicos nem percebem e propõem soluções originais.’’
Apostar em cérebros que pensam diferente significa estar aberto para novos horizontes. E algumas empresas já entenderam isso:
- Nos Estados Unidos, a NASA não esconde seu interesse pelos disléxicos por sua capacidade de resolver problemas.
- Através de seu compromisso com a deficiência de missão, vários grandes grupos franceses, como o BNP Paribas, oferecem ferramentas de correção eficazes para seus funcionários disléxicos.
🔎 Cada um com seu potencial:
- Asperger: De acordo com a Harvard Business Review , algumas pessoas com Asperger podem ser melhores em fazer um trabalho detalhado e atencioso.
- Dislexia: Algumas pessoas com dislexia têm um senso de observação aguçado: o Canadian Dyslexia Centre mostrou que pessoas com dislexia são capazes de processar entre 1.500 e 4.000 imagens por segundo, em comparação com 150 para a maioria dos indivíduos.
- TDAH: Holly White, pesquisadora da Universidade de Michigan, descobriu que as pessoas com TDAH podem ser mais flexíveis na criação e no design, além de não dependerem tanto de seus conhecimentos prévios. Essas habilidades altamente valorizadas em marketing, design de produto, engenharia de computação.
Mas como incentivar sua inclusão no trabalho?
A palavra-chave para atrair talentos neuroatípicos? Flexibilidade e adaptação. Cada pessoa com TEA (transtorno do espectro autista) terá necessidades e desejos diferentes. Para promover a sua integração profissional, os empregadores podem:
- Facilite o processo de recrutamento: demonstre transparência e clareza, tanto na oferta de emprego quanto nas entrevistas. É importante adicionar as palavras "cargo aberto a pessoas com deficiência" na descrição da vaga em questão..
- Adapte sua comunicação: priorize uma comunicação direta, focada na escuta ativa e na empatia. Do lado do gestor, será preciso evitar ao máximo a gestão direta e planejar trocas mais recorrentes.
- Sensibilize a organização internamente: realize a formação das pessoas colaboradoras sobre como lidar com diferentes situações, boas práticas e quais comportamentos adotar.
- Adeque o ambiente e as condições de trabalho: através da introdução de fones de ouvido com cancelamento de ruído, espaços com pouca iluminação ou sem distração visual, ajuste dos horários de trabalho, etc.
🔎 Os perfis neuroatípicos geralmente preferem trabalhos que envolvam pouca ou nenhuma interação social. Áreas como TI, escrita e artes são especialmente adequadas para eles.
Sua empresa pode ter o futuro Bill Gates ou Da Vinci entre seus colaboradores, quem sabe? É importante valorizar esses talentos únicos e proporcionar um ambiente de trabalho que permita que eles floresçam em suas áreas de interesse.
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