mundo do trabalho

Mulheres na liderança: sinais de que inspirar é só o começo

No Brasil, apenas 38% das posições de liderança estão comandadas por mulheres. Um sinal de que, inspirar é um bom começo, mas precisamos de ações.


6 min
1er novembre 2023por Gabriela Dias

“Você pode ter acesso a qualquer trabalho do mundo. Nada é impossível” 

Pode parecer uma visão utópica, quando olhamos para a realidade de muitas mulheres, mas esse foi um conselho que Anne-Carole Coen, Chief Marketing Officer, ouviu da sua primeira líder e que abriu caminho para um momento decisivo de sua carreira. Certamente, motivar outras mulheres a se desenvolver e conquistar espaços cada vez maiores na liderança do mercado de trabalho continua sendo mais do que um desafio, uma urgência, ainda que a gente perceba muitos avanços. 

O que representou para Anne-Carole um estímulo pode ainda não ter um reflexo direto na realidade das lideranças femininas em muitos países, como mostram alguns estudos. Enquanto, pela primeira vez na história, mulheres CEOs estadunidenses lideram cerca de 10% das empresas da Fortune 500, lista das maiores companhias dos EUA por receita, o mundo vê uma diminuição da presença de mulheres líderes em 2023 segundo dados globais da IBM. Quando olhamos para o Brasil, apenas 38% dessas posições estão comandadas por mulheres (Grant Thornton). Isso no país que, pela primeira vez em cinco décadas, as mulheres são a maioria da população em todas as regiões do país segundo o Censo 2023. Dá para entender por que falamos tanto sobre Diversidade, Inclusão e Gênero nos últimos tempos, certo? 

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Esses contrastes são, no mínimo, reveladores. Mostram todos os paradigmas que, historicamente, têm colocado barreiras que reduzem oportunidades e reforçam posicionamentos limitantes para as mulheres nas empresas. Você já parou para pensar em como a diferença de gênero cria um impacto na hora de se aplicar a uma vaga? 

“Um dado curioso é que os homens, ao se candidatarem, nem terminam de ler o escopo daquela posição. Já se consideram com o perfil desejado. As mulheres, não.”, comentou Bruna Dumont, Senior People Partner da Swile Brasil. “Se elas não sentirem que preenchem todos os itens, do começo ao fim da lista, elas não se aplicam para aquela vaga”. 

Em ambientes corporativos geralmente dominados por homens, as mulheres enfrentam até mesmo uma mentalidade “impostora” nesse processo. É o que mostram os dados de uma pesquisa do Leadership Circle em que, apesar de as líderes mulheres serem mais eficazes do que os homens, elas subestimam mais suas habilidades e influência. No entanto, hoje em dia, as mulheres também encontram políticas de incentivo para que ocupem e desenvolvam cada vez mais lugares. E o setor de Tecnologia é um deles. 

O desafio da diversidade em setores dominados por homens 

Para Jorsi Ramos, Coordenadora de Engenharia da Computação, tudo começou no momento em que ela resolveu assumir um cargo de liderança. No setor em que atua, a representatividade feminina tem muitas lacunas até mesmo como uma opção de carreira. 

Isso porque, apesar da participação feminina no mercado de Tecnologia crescer 60% nos últimos cincos anos, segundo pesquisa do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), as mulheres representam apenas 20% da força de trabalho na área no Brasil (IBGE). Com muitos espaços a serem conquistados, Jorsi viu a oportunidade na Swile de gerência como uma reafirmação do seu compromisso em encontrar um caminho mais inclusivo. 

Mas, como? Parte dessa jornada não poderia ser diferente: a inspiração

Quando uma mulher assume um cargo de diretoria, pode aumentar em até quatro vezes as oportunidades para mais mulheres em cargos de liderança na mesma companhia (Todas Group). 

Isso foi determinante, por exemplo, para Patrícia Basilio, Head of Inside Sales na Swile. Ter uma outra referência em lugares de liderança nas empresas por onde trabalhou há alguns anos permitiu que ela se desafiasse a gerir um time de 60 pessoas na sua trajetória em vendas, o que construiu toda a sua experiência. Uma atitude pode mover toda a estrutura. 

Inspirar é só o começo

Porém, inspirar não muda toda a equação, como vimos anteriormente. A diversidade na liderança é um papel que vai além da contratação e da promoção de cargos. Nesse contexto, é preciso incentivar o desenvolvimento, a capacitação e a colaboração, mostrando que equidade de gênero não é uma questão das mulheres, mas organizacional. Cada pessoa da empresa pode contribuir com a transformação dessa mentalidade na prática, com ações 

É essencial encontrar um equilíbrio entre os perfis de liderança. Para isso, queremos investir bastante em estratégias D&I, treinamentos, empoderamento, para uma representação maior do que nós tivemos até então” Anne-Carole Coen, CMO Swile

Programas de liderança, grupos de afinidade, networking, criação de uma rede contínua de aprendizado e suporte são iniciativas que superam o olhar da equidade de gênero como tendência de mercado, mas valorizam os resultados dos negócios. Sim, as habilidades de liderança corporativa das mulheres podem gerar um crescimento de até US$ 12 trilhões no Produto Interno Bruto (PIB) global até 2025 e de cerca de US$ 410 bilhões no Brasil (McKinsey). E essa precisa ser uma mentalidade que é uma regra, com múltiplas soluções, e não mais uma exceção. 

Um caminho para abrir novos caminhos

Quer uma dica? Comece por aqui:

  1. Crie um ambiente seguro para as mulheres: a quebra de preconceitos começa com uma escuta ativa, criando um plano de ações de segurança psicológica que, continuamente, reverte pensamentos retrógrados e limitantes. Debates, campanhas educativas, grupos de afinidade, painéis de discussão em Equidade de Gênero são algumas boas práticas que enfatizam uma cultura mais diversa.

    Quando uma mulher se sente segura, sabe que está numa cultura que a abraça, ela se sente confortável, ela vai atrás de melhores resultados e isso impacta toda a empresa”, Maryane Krebs, CS Analyst Swile.
  2. Promova políticas de apoio à carreira, desenvolvimento e liderança: a inovação, a remuneração, a participação em projetos importantes, o incentivo à gestão, o investimento em capacitação, são maneiras importantes de fortalecer a visibilidade e a representatividade. O apoio precisa se refletir em ação no dia a dia com construção de propósito que conduza a uma evolução. Não apenas palavras à mesa. 

“É trazer o seu time junto com você. Fazer com que outras pessoas também possam olhar para o seu time como um lugar para encorajar outras mulheres a terem protagonismo e papel de decisão e liderança em outras áreas. Isso é muito gratificante não só para mim, mas o sistema como um todo”, Patricia Basilio, Head of Inside Sales Swile

  1. Implemente, mensure resultados, comemore conquistas desse plano de ação em todos os níveis: censo de diversidade, monitoramento de indicadores, pesquisas de avaliação e clima, são ferramentas importantes para melhorias. Compreender a realidade é o começo, mas é necessário ter essa visão sobre todas as posições de liderança, de júnior a sênior, trazendo o comprometimento para todas as pessoas. 

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Gabriela Dias

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Assim como a tinta de uma caneta pode transformar um papel em branco, gosto de pensar que, como conteudista, minhas palavras têm […]

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