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Marca empregadora na era das planilhas: finalmente o fim da empresa perfeita?

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Se você está de olho nas últimas tendências e nos assuntos mais discutidos da área de RH na internet, já deve ter se deparado com a “planilha de empresas tóxicas” circulando pelo seu feed. Ela é uma lista criada anonimamente por funcionários e ex-colaboradores de diversas empresas que atuam no Brasil – incluindo marcas grandes e bastante famosas. Seria esse o fim das empresas perfeitas? Ou será que elas nunca existiram?


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No mundo corporativo atual, a gestão de marca empregadora, ou employer branding, vem se tornando uma ferramenta cada vez mais crucial na atração e fidelização de talentos nas empresas. Ao mesmo tempo, há quem ache que, para ter uma estratégia de marca empregadora eficiente, é preciso ter uma empresa perfeita. Talvez possa doer, mas é preciso dizer: uma organização assim nunca vai existir.

Olhando de longe, é possível pensar que uma empresa que tem uma marca empregadora forte, inclusiva e saudável, voltada à experiência do colaborador e no bem-estar do seu time, possa ser imune a problemas internos. Que exista por aí uma utopia organizacional, onde tudo é perfeito e os colaboradores estão sempre satisfeitos.

Contudo, a realidade é muito mais complexa. E as planilhas de denúncias às “empresas tóxicas”, que estão circulando pelas redes sociais nas últimas semanas, são uma grande prova disso. Nesses depoimentos anônimos, profissionais expõem todos os motivos imagináveis para não gostarem de trabalhar em diversas empresas, citando marcas de pequeno, médio e grande porte – inclusive aquelas que são consideradas referência nas áreas em que atuam.

Fui considerada uma empresa tóxica, e agora?

Por serem documentos anônimos, as planilhas contém desde reclamações mais triviais a denúncias sérias, como relatos sobre assédio moral, preconceito e falta de segurança no trabalho. Apesar de não serem fontes confiáveis, as planilhas podem exemplificar que, em qualquer tipo de empresa, falhas irão acontecer. O importante é saber como lidar com elas.

É aqui que devemos retomar a verdadeira essência do employer branding. Trabalhar na gestão de marca empregadora de uma organização não se trata de mascarar falhas ou esconder imperfeições, mas sim ajudar a cultivar uma cultura organizacional autêntica e comprometida com a evolução constante. 

Afinal, de nada adianta “vender” uma empresa como criadora de diversos programas de carreira, ou como se tivesse um ambiente de trabalho leve e agradável se, na realidade, seus colaboradores não enxergam essas qualidades em suas rotinas diárias. Isso geraria um grande incômodo para quem faz parte da organização e, no futuro, aos talentos que ingressarem no time e se frustrarem ao encontrar a realidade.

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Encarando os problemas de frente

Para agradar colaboradores, futuros candidatos, gestores e investidores, é preciso se comprometer com a honestidade nas comunicações, reconhecendo o que pode melhorar naquela organização. E mais do que isso, a empresa deve trabalhar na vontade real de abordar esses problemas de frente, tomando medidas que realmente podem gerar melhorias. 

O segredo de uma boa estratégia de employer branding não é focar em vender uma empresa perfeita, mas sim encontrar jeitos de lidar de maneira transparente com suas imperfeições e demonstrar um compromisso genuíno em melhorar constantemente. Isso envolve uma comunicação consistente e franca, onde os valores da empresa são claramente explicados, reproduzidos e reforçados no dia a dia.

Além disso, uma estratégia consistente de marca empregadora não é apenas sobre o que é comunicado externamente, mas muito mais sobre as iniciativas internas que visam melhorar o ambiente de trabalho e a experiência dos colaboradores. Isso pode incluir programas de desenvolvimento profissional, políticas de inclusão e diversidade, benefícios que promovem o bem-estar e uma cultura que valoriza o feedback e a colaboração.

Nunca alcançaremos a perfeição

Construir uma boa marca empregadora é um trabalho de aperfeiçoamento contínuo, que visa ajustar o que pode ser melhorado enquanto destaca as partes positivas da cultura e da empresa como um todo. É quase como trocar o pneu com o carro em movimento. Entretanto, como profissional da área, percebo que muitas vezes as empresas cometem o erro de tentar alcançar a perfeição antes de focar seus esforços no employer branding.

E como dito no início deste artigo, movimentos como a “planilha das empresas tóxicas” nos lembram de que a organização perfeita nunca irá existir. Por isso, meu conselho é: não tenha medo das suas imperfeições. Você não precisa ter uma empresa perfeita para começar a gerar conteúdo sobre sua marca empregadora no LinkedIn, nem ter a melhor pontuação no Glassdoor para começar um programa de embaixadores de employer branding.

Em resumo, não espere tempo demais e acabe deixando sua narrativa de marca empregadora na mão de terceiros. Esqueça a perfeição e foque na autenticidade, na consistência e na forma como você se comunica com suas Talent Personas. Tenho certeza de que com empresas mais conscientes sobre seus próprios problemas, o mercado de trabalho se tornará cada vez mais respeitoso, saudável e produtivo, tanto para colaboradores quanto para empreendedores.

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Angélica Madalosso

CEO e cofounder da ILoveMyJob

CEO e cofounder da ILoveMyJob | Coautora do livro Employer Branding Expert | Especialista em Employer Branding e Marca Empregadora | Employee Experience | Marketing de Recrutamento | EVP | Comunicação Interna

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