Desvendando a Metaskilling: a qualificação do agora
A equação parece simples: identificamos um gap, analisamos soluções de aprendizagem e colocamos para funcionar. Treinando, conseguiremos fazer o download de informações e, enfim, alcançaremos mais resultados. A complexidade de um novo tempo que nos dá um banho de água fria exige bem mais que isso. Na prática, as novas habilidades, tecnologias e competências nos coloca frente a frente a grandes ilhas de conhecimento que desafiam os maiores e mais adaptados navegadores.
Ouvimos sobre upskilling e reskilling, aprendizagem contínua, o tanto quanto lemos sobre desinfoxicação. O aprendizado não é linear e nem apenas lateral, ele interliga camadas em um verdadeiro espiral onde cada um conjunto de habilidades desbloqueia novas habilidades em constante ativação. Uma metáfora que está presente no livro “Meta-habilidades: Cinco Talentos para a Era Robótica” de Marty Neumeier.
O grande pulo do gato nesse processo, em uma era de capacidade cada vez menor de concentração, áudios acelerados e o tempo sendo a moeda mais cara, será entender a aprendizagem como uma jornada, com regularidade e conexão. Não dá para descartar o fator humano.
Aprender não é algo novo
Inteligência Artificial não é algo novo, mas a aceleração desses avanços tecnológicos tem um efeito em escala exponencial. Parece arriscado citar exemplos (já que estarão tão brevemente defasados), porém já estamos falando de chips capazes de processar 10 trilhões de parâmetros ao mesmo tempo. Paralelo a isso, um estudo no Reino Unido constatou que cerca de 50% das pessoas adultas acreditavam estar perdendo a capacidade de se concentrar. O que isso nos diz quando falamos sobre a nossa aprendizagem?
A redação recomenda
O caminho para não resistir à inovação e estar a par da informação está na forma que nos relacionamos com o que está à nossa volta. Aliar-se, de maneira analítica e criativa, ao processamento que já é possível. Em outras palavras, utilizar os dados a nosso favor.
A informação está em todas as telas e somos repetidamente estimulados a aprender, a consumir mais conteúdo o tempo tempo. O efeito retroativo do cansaço faz com que a gente não se dê conta mais do processo de aprendizagem e como estamos apenas acumulando e não filtrando as informações. Estamos, de fato, aprendendo algo?
Para Marty, não exatamente. Ainda vivemos na superficialidade das nossas competências ao lidar com os desafios à nossa volta marcados pela conexão, pelo digital, pela complexidade. E é preciso mudar esse pensamento para se adaptar a um modo mais dinâmico, abrangente e criativo. Ou seja, o papel da meta-aprendizagem é de trazer ferramentas para combinar habilidades que solucionem problemas de forma analítica, inovadora e ágil, aprimorando os processos, as entregas e os resultados.
A meta das metas
Como prefixo, “meta” pode significar mudança (metamorfose), e algo que transcende, vai além (metafísica). Para a meta-aprendizagem, podemos considerar uma renovação, abrindo os olhos para uma educação corporativa que conversa com as habilidades do futuro a partir da adaptabilidade e da conexão. É combinar as “soft”, “hard”, mad”, seja quais forem as competências necessárias para não simplesmente sobreviver, mas estar preparado para se reconfigurar a um mundo do trabalho mais complexo e rápido.
É nesse lugar que falamos das habilidades do futuro como um panorama de destaque para as competências humanas. O letramento tecnológico ocupa apenas a sexta posição no ranking do WEF, abaixo do pensamento analítico, criativo, da resiliência, capacidade de adaptação, motivação e aprendizado contínuo. Estamos falando de um número em que seis em cada dez profissionais precisarão de upskilling e reskilling até 2027, e apenas 50% deles terá acesso a oportunidades de desenvolvimento adequadas.
44% das habilidades que conhecemos hoje não serão mais as mesmas em até três anos. Consegue perceber o que isso significa? Em uma entrevista para o The Guardian em 2018, Yuval Noah Harari, autor de Sapiens e 21 Lições Para o Século 21, trouxe uma reflexão que ainda se mantém atual: “Uma nova classe de pessoas deve surgir até 2050: a dos inúteis. São pessoas que não estarão apenas desempregadas, mas que não serão empregáveis". A provocação pode parecer ousada, mas os dados apontam que, sim, ou reciclamos as habilidades e remodelamos a nossa aprendizagem, ou estaremos parados no tempo. Essa é a meta.
De um lado, líderes buscando ferramentas T&D mais personalizadas, realmente úteis para os diferentes perfis e diversos desafios geracionais, por exemplo. Do outro, profissionais a caminho de uma capacitação que os conectem mais com uma vida profissional e pessoal mais equilibrada, mais produtivos e conscientes. A meta-aprendizagem é o ponto de intersecção entre as duas partes, com pensamento crítico e analítico, para escalar o que vem sendo desenvolvido em upskilling e reskilling.
Como ativar as meta-habilidades?
Vamos voltar às MetaSkills para aprimorar um pouco e descobrir pontos-chave para desbloquear a meta-aprendizagem. “Sentir, ver, sonhar, criar e aprender”. Com empatia e visão do todo, exercitamos a criatividade, estimulamos a inovação, experimentamos ideias, testamos. É a partir da repetição, da prática, que filtramos o aprendizado. E no meio corporativo, não é diferente.
Cuidar das pessoas é olhar para a sua experiência de ponta a ponta. Como ela chegou na empresa e como ela se vê daqui a alguns anos? Há oportunidades de crescimento? Há novas habilidades a serem desenvolvidas? Quais os caminhos em treinamento que ela pode aprender? O programa de mobilidade interna funciona?
De acordo com estudo do LinkedIn, a probabilidade de um profissional que se requalificou e participou de mobilidade interna permanecer numa empresa é de 75%. Além disso, um outro número mostra que 78% das pessoas veem que os programas de aprendizado e desenvolvimento de suas empresas trouxeram algum benefício ou as impactaram significativamente nos últimos 2 anos (Amazon e Workplace Intelligence). Por outro lado, dentre os entrevistados, muitos apontam que não têm acesso aos programas que mais desejam.
Por isso, a meta-aprendizagem deve ser encarada como um processo de aprofundamento, ao olhar e entender como, quando, onde e o que nos faz aprender mais e melhor. Primeiramente, conheça, investigue e mapeie quem faz parte da sua empresa, identificando as habilidades fortes e as lacunas nas competências que trariam mais resultado. Com criatividade e visão holística, desenhe os programas e a quem eles serão direcionados, com um olhar crítico para o plano de desenvolvimento individual.
Tenha metas e indicadores claros para isso e mantenha a continuidade para fortalecer o engajamento. Comunique a oportunidade, fomentando uma cultura de aprendizagem contínua, onde os profissionais também são autoconscientes e estão engajados nessa jornada. Saber o que fazer com o aprendizado é tão importante quanto o aprendizado em si.
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