Você é CLT Premium? Uma reflexão sobre a trend dos benefícios corporativos

No Brasil, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) garante alguns direitos e benefícios, como 13º salário, vale-transporte, férias remuneradas, entre outros. Com o crescimento do employer branding (ou gestão de marca empregadora) e da preocupação em atrair e engajar talentos, diversas empresas estão investindo para oferecer outros benefícios. Mas por que isso tem gerado tanta discussão?

Ao contrário do que algumas pessoas acreditam, os usuários do TikTok não são apenas jovens das gerações Z e Alpha. Segundo dados divulgados pela própria rede social, o Brasil é o terceiro país com mais usuários ativos – são mais de 98,6 milhões de pessoas, de todas as idades!

Para mim, o TikTok se destaca pela sua diversidade de conteúdos sinceros, sem tantos filtros e que, muitas vezes, viralizam por mostrarem a realidade como ela é. Pelo menos, na visão daqueles usuários.

Esse ambiente autêntico e espontâneo faz com que muitas das mensagens transmitidas tenham um enorme alcance e impacto. E é justamente nesse cenário que vimos surgir a trend da CLT Premium: pessoas estão compartilhando vídeos que destacam os benefícios “premium” que recebem das empresas, como vale-alimentação “de mais de um salário mínimo”, ônibus fretado para transporte, mais de uma hora de almoço, escritório com espaços de lazer, entre muitos outros.

Grande parte dos comentários dos vídeos que viralizaram no TikTok eram positivos, incluindo elogios às empresas e perguntas sobre como se candidatar às vagas para receber o tal pacote de benefícios. A trend acabou saindo da bolha do TikTok e ganhou palco em uma rede social que tem tudo a ver com o mundo do trabalho: o LinkedIn.

Por lá, a reação foi um pouco diferente. Alguns usuários fizeram publicações dizendo que “premium” mesmo é ter altos salários, e que esses benefícios são algo básico, sem tanta importância real. Pessoalmente, não concordo com isso.

No mercado atual, principalmente para os talentos mais jovens ou em cargos operacionais, um bom pacote de benefícios é sim algo diferenciado e que pode despertar o interesse de muitas pessoas. Além disso, muitos deles contribuem para a qualidade de vida das pessoas colaboradoras, o que pode aumentar a produtividade e a satisfação no trabalho.

Somente benefícios sozinhos, sem nenhuma outra ação para fortalecer a cultura, não é employer branding. Porém, só de vermos empresas oferecendo tantos diferenciais, percebemos que existe uma preocupação com a experiência do colaborador – e isso sim tem um pezinho na gestão de marca empregadora.

É importante que as empresas integrem esses benefícios em uma estratégia mais ampla de employer branding, que também inclui uma comunicação assertiva e respeitosa, planos estruturados de desenvolvimento de carreira, lideranças inspiradoras, ambiente de trabalho saudável e um compromisso genuíno com o bem-estar das pessoas.

Afinal, uma cultura organizacional forte e positiva é fundamental para fidelizar talentos e promover um ambiente em que os profissionais sintam-se valorizados e motivados a contribuir para o sucesso da empresa.

A trend da CLT Premium deve servir para sacudir aquelas empresas que têm a famosa “síndrome do patinho feio”. Em outras palavras, são aquelas organizações que acham que ainda não estão à altura dos seus concorrentes para falarem sobre seus diferenciais.

Meu conselho para essas empresas: promovam o que há de melhor por aí! Destacar essas qualidades gera orgulho em fazer parte do time e engaja outros talentos a serem embaixadores da sua marca empregadora.

Não podemos subestimar o poder de uma boa comunicação interna e externa. Muitas vezes, o simples ato de reconhecer e celebrar os pontos fortes pode transformar a percepção que as pessoas têm de uma organização. Com certeza, empresas que sabem comunicar bem seus diferenciais (não só os benefícios!) conseguem atrair os profissionais mais alinhados ao negócio.

Quem critica as empresas pela promoção dos benefícios “premium” talvez não seja o público certo para trabalhar lá. Afinal, somos todos diferentes e nem sempre valorizamos as mesmas coisas. 

Mas, sem dúvidas, os tempos estão mudando e as organizações precisam começar a entender o que realmente importa para a nova geração de talentos que está entrando no mercado de trabalho agora. Mais do que isso, é preciso se adaptar às novas expectativas e tendências para se manter competitivo em meio a esse cenário que muda todos os dias. 
Espero que a trend da CLT Premium seja vista como um passo em direção a um mercado de trabalho mais humanizado e saudável. Ela pode ser um ótimo incentivo para outras empresas repensarem suas políticas e a investirem mais em benefícios que valorizam e auxiliam suas pessoas colaboradoras, como programas de bem-estar, apoio à saúde mental e oportunidades de desenvolvimento contínuo.